sábado, 29 de março de 2014

MULHERES VOTAM NA GRÃ- BRETANHA

      SUFRAGISMO SAI DA GUERRA VITORIOSO


As mulheres britânicas tiveram que empunhar muitas bandeiras ( literalmente), lançar centenas de pedras e palavras de ordem, fazer repetidas greves de fome e promover bastante confusão até conseguirem conquistar, em 1918, o direito do voto. À exemplo do que ocorria nos Estados Unidos, berço do moderno movimento pelo sufrágio feminino, na Grã-Bretanha no século XIX circulava o princípio de que o voto para as mulheres perturbaria a ordem social e iria de encontro a uma certa vocação natural da feminilidade. Era uma ideia de homens, é claro, mas não de todos eles  e não apenas eles. A rainha Vitória engrossava as fileiras dos adversários ferrenhos do voto feminino, vários parlamentares mantinham a questão na ordem do dia, como o filósofo e economista John Stuart Mill, que ajudou  afundar, em 1865, a primeira associação pelo voto feminino.


Em 1897, a criação da União Nacional das Associações de Sufrágio das Mulheres deu novo impulso ao movimento. Cinco anos depois, a feminista Emmeline Pankhurst, insatisfeita com os métodos brandos da União, desligou-se do grupo, criando a União Social e Política das Mulheres. As sufragistas lideradas por Emmeline eram destemidas e agressivas.

 Jogavam pedras em prédios do Governo, destruíam obras de arte, interpelavam os parlamentares e chegavam a protagonizar gestos extremos, como o de se jogar diante do cavalo do rei durante uma prova de turfe, como fez, em 1913, Emily Davison, transformada, com a sua morte, em mártir do movimento.

 Elas eram presas com frequência, faziam regularmente greves de fome na prisão e só relaxaram em sua determinação quando estourou a Primeira Guerra Mundial.

     EMMELINE PANKHURST


Naquele momento, a causa feminista perdeu espaço para a causa da guerra. Entre 1914 e 1918, as mulheres dedicaram-se ao país, a princípio como enfermeira e médicas, depois ocupando os postos de trabalho vagos com a mobilização masculina. Emmeline Pankhurst mudou o titulo de seu jornal de " The Suffragette" para " Britannia". Mas, mesmo assim, as sufragistas não perdiam uma oportunidade de lembrar que a luta continuava. Em 1915, após o afundamento do navio-hospital " Anglia", episódio no qual morreram dezenas de mulheres, um jornal que apoiava a causa sufragista reivindicou: " Direito de voto para as heroínas como para os heróis".


A contribuição das mulheres para o esforço britânico de guerra acabou sendo determinante para a conquista do voto feminino. Este foi concedido em fevereiro de 1918, através de uma que que universalizava o voto masculino ( até aquele momento bastante antidemocrático, fundamentado na residência e na propriedade) e instituía o sufrágio feminino para as esposas, chefes de família e universitárias com 30 anos ou mais.
Com esse alcance restrito, ficavam excluídas do direito do voto cinco dos doze milhões de mulheres adultas. A igualdade política integral com os homens só seria obtida em 1928, quando o Parlamento reduziu a idade mínima de voto para 21 anos. Mais  tarde, todos passaram a votar com 18 anos.
                    EMILY DAVISON



Um ano depois de as mulheres ganharem direito ao voto na Grã-Bretanha, a primeira  chegou ao parlamento: Nancy Astor, nascida nos Estados Unidos e membro do Partido Conservador, venceu a eleição especial para a cadeira deixada vaga por seu marido Waldorf Astor.


                     NANCY ASTOR

Fonte...O Globo...Edição especial 2000...n.08...p.174/ 180

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