Era a primavera de 1918. A Primeira Guerra Mundial se aproximava do fim. Subitamente, os soldados começaram a cair doentes, com febres, dores e mal estar generalizado. Em poucas semanas, a gripe misteriosa varria acampamentos militares nos Estados Unidos e trincheira na Europa. Daí para as populações civis foi um pulo: em menos de um ano, a mais destrutiva epidemia da História já havia se alastrado por todos os continentes. Com sua dispersão facilitada pelas carências típicas de um tempo de guerra, fez mais de um bilhão de doentes, metade da população do mundo. E matou mais de 20 milhões de pessoas.
Ninguém sabe a origem do vírus que matou mais gente em um ano do que a guerra em quatro. O nome gripe espanhola deve-se à virulência com que atacou a Espanha, cujo rei foi uma das primeiras vítimas. Nos hospitais americanos instalados na França foram tratadas 70.000 pessoas, 30% das quais morreram. Mas a tragédia maior foi na África e na Ásia. Em Tânger, os cortejos fúnebres engarrafavam estradas. Na India, onde a doença matou 4% da população, os mortos eram empilhados nas ruas. Na China, as cenas eram igualmente dramáticas. Daí a epidemia também ter ficado conhecida como gripe asiática.
No Brasil, o vírus chegou em outubro, pelo porto do Rio de Janeiro. Só naquele mês, contaram 12.000. Logo morreria até o presidente eleito, Rodrigues Alves, antes de tomar posse, ao ser eleito pela segunda vez em 1919.
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